quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Este amor que eu não esqueço e que teve o seu começo...

Naquele primeiro dia, mais ou menos duas dezenas de pares de olhos iluminados e iluminando fixavam-se nos professores. Enquanto um olhinho de cada par dizia “satisfaça-me”; o outro dizia “surpreenda-me”.

E foi o que aconteceu.

Clarissa e Bia começaram o que, para nós – crianças inocentes –, seria apenas um curso de pós-graduação.

Mas estávamos felizmente enganados, pois, enquanto Clarissa nos ensinava carinhosamente como ser acadêmicos, Bia – cantando lá com seus botões: esses moços/pobres moços/ah! se soubessem o que eu sei – nos ensinava as preliminares, conforme o plano.

Ah, sim, havia um plano, não duvide: ensinar-nos a ler com o outro, a ler para o outro, a ler o outro e, finalmente, a ler tudo. Deixaríamos de ser leitores silenciosos, como quem faz amor solitariamente.

Seguindo o combinado nos bastidores, lá estava Bia, sem que sequer desconfiássemos, nos introduzindo nas preliminares. Foi com ela que demos os primeiros passos. Foi com ela que ensaiamos, exploramos, experimentamos. E foi ela quem nos deixou prontos para fazer amor com Jackie. Um amor tão intenso, que resultou visceral naquela memorável última aula.

Pronto! Já sabíamos amar e estávamos apaixonados por tudo e por todos. Bastou nos dar a direção e lá fomos nós. A toda e avante pra frente (já sabemos que pode ser avante pra trás, né? Quem lembra qual foi o escritor que usou essa expressão?)!

Abusados e saidinhos, flertamos com Adriana.

Já com Érica, foi um amor delicado e profundo, deliciosamente doce como só ela. Isso tudo enquanto amávamos e nos deixávamos amar pela cativante e sedutora Meg.

Com Tetê foi íntimo, relaxado, gostoso mesmo. Somente com Tetê poderia ser assim.

O amor com Maria Lília foi quase sádico: adoramos ser chicoteados e ainda pedíamos mais. Seu humor/amor com laivos de acidez nos deixou viciados. Se Maria Lília cantou para seus pares no final de sua disciplina, só pode ter sido: Se você quer mesmo saber/porque que ela ficou comigo,/eu digo que não sei./Se ela tem seu endereço ou se lembra de você,/confesso que não perguntei./As nossas noites são feito oração na catedral,/não cuidamos do mundo um segundo se quer...

E o Ricardo Borges? Gente, o que foi aquilo? Parecíamos todos parceiros de longa data: sabíamos as melhores posições e o que havia ainda para explorar, desvendar. Lindo, revigorante, balsâmico...

Com Sandra fizemos um amor acadêmico: exercitamos os ensinamentos de Clarissa e Bia conjuntamente, co-ocorridamente.

E, finalmente, modernos que somos, culminamos fazendo um amor virtual com Ida e Ricardo Artur, tendo a parceria ocasional de Bia ou Clarissa.

8 comentários:

Luiz Favilla disse...

Você tem razão, Rainha Ed.
Foram orgasmos múltiplos de emoções caudalosas.
Um amor tribal correspondido até a ultima gota.
Sou uma pessoa melhor depois disso tudo.
E agora?
Ora, o futuro a gente inventa.

AnaCris disse...

Que maravilha de texto! Só poderia ser você a autora. Descreveu tão bem o quanto vivemos esse amor com cada um /uma deles (as).
Vou sentir falta de estudar, trocar, aprender, ler em conjunto. E mesmo solitária jamais serei sozinha, terei em meus pensamentos o que vivi com todos vocês.
Ana Cris

patricia disse...

É incrível! A cada texto seu me sinto mais lisonjeada em ser sua amiga. Surpreendo-me com seus ensinamentos e sensibilidade.
Concordo contigo, nossos professores nos trouxeram o que tinham de melhor e resta-nos externar nossos agradecimentos.
Já estou com saudade de todos.

Mariana Barcelos disse...

Que lindooo!!!!
Edna, amo seus textos.
Sua sensibilidade é impressionante.

Bjos

Gabi disse...

Uau! Arrasou. ;)

Gabi disse...

ah, esqueci de dizer que foi bom para mim. ;)

Lu Melo disse...

Nossa! Muito lindo o seu texto.
Realmente descreve tudo o que sentimos.
Bjos

Sandra Ribeiro disse...

Perfeito!
E melhor ainda, se é possível, com a interpretação de Lady Go.
Tudo de bom!
Ai... que saudade já sinto de tudo isso...