sábado, 1 de dezembro de 2007

“InterNETiqueta”

Tão importante quanto se comportar à mesa sem errar os talheres é ser bem educado ao navegar na super-rodovia da informação. Para isso, já existe a etiqueta da Internet. Você até pode achar que “pãos ou pães é questão de opiniães”, como ensinou o escritor Guimarães Rosa. Mas na rede planetária de computadores, com milhões de freqüentadores, não é bem isso. Há convenções (não “convençães”) para facilitar a comunicação. A seguir algumas dicas para quem não quer passar por... deselegante:

Não use frases com maiúsculas. É muito mais difícil ler letras maiúsculas do que minúsculas. Num cenário virtual em que as pessoas não se conhecem, escrever em maiúsculas equivale a falar gritando numa reunião de trabalho. Pura grosseria.

Modere a linguagem. Seus interlocutores são pessoas desconhecidas. Evite afirmações contundentes, do tipo “dono da verdade”. Cada um tem sua própria opinião que deve ser sempre respeitada. Não seja irônico, nem violento, muito menos arrogante. Quando escrever alguma coisa, coloque-se no lugar de quem está lendo sua mensagem do outro lado da linha.

Vá direto ao ponto.
Os newsgroups, os centros de discussão da Internet, são muito específicos. Portanto, não divague. Se estiver num newgroup sobre religião, não fale sobre rock. Não “enrole” em seus textos, defendendo teses mirabolantes e sem embasamento.

Cuidado com as respostas. Se alguém quer saber sua opinião sobre determinado assunto, evite as respostas pomposas e longas. Evite também as curtas demais. Tipo: se falam sobre a metafísica e a loucura em Nietzsche, jamais responda “é isso aí”. Se não tem nada para dizer fique quieto. Inclua no seu texto as questões que deram origem à discussão, ou um pequeno resumo, entre aspas. Serve para localizar os novos usuários.

Leia sempre o que escreveu. Não há nada mais desagradável do que receber um texto repleto de erros de ortografia ou concordância, escrito de maneira rápida. Dá a impressão de que o autor não estava muito interessado em tomar parte na discussão e despachou a primeira coisa que lhe veio à cabeça.

Não use linhas compridas. O padrão dos textos para internet é de cerca de 60 caracteres por linha. Programe seu computador para isso. Dessa forma, o destinatário consegue ler seu texto na tela cheia, sem ter de usar a barra de comandos para encontrar o final de uma frase.

Pra encerrar: em todas as relações respeitem o Princípio da Cooperação (Grice, 1967): Quantidade – Fale/escreva o que é relevante para a situação. Qualidade – Diga/escreva apenas o que pode ser compreendido. Relação –Seja relevante, diga/escreva apenas o que é importante. Modo – Seja claro, breve, ordenado, evite duplo sentido.

6 comentários:

Gabi disse...

Excelente postagem. Obrigada, Professor. :)

"Aprender é descobrir aquilo que você já sabe. Fazer é demonstrar que você sabe. Ensinar é lembrar aos outros que eles sabem tanto quanto você. Vocês são todos aprendizes, fazedores, professores". Richard Bach

Luiz Favilla disse...

Em tempo: texto retirado da revista super interessante.
http://super.abril.com.br/superarquivo/1995/conteudo_114464.shtml

Ricardo Artur disse...

Será que este texto não está um pouco ultrapassado? Nos parâmetros computacionais, 1995 já faz tempo!!!
Acho que poderíamos repensar alguns dos mandamentos.
As tecnologias mudaram, as telas aumentaram, e os blogs surgiram para dar uma reviravolta nestes parâmetros.
Cada "ferramenta" tem sua própria etiqueta: blog, forum, lista de discussão, chat, e-mails.
Por exemplo: textos longos não dependem apenas do tipo de ferramenta, mas do tipo de grupo que a utiliza. Falo com conhecimento de causa, pois no fórum do nosso grupo de pesquisa encontramos textos curtos, e outros muito longos (a Jackeline se faz presente). Ambos são lidos e são pertinentes.
Pode até haver estranhamento, no começo, mas a capacidadde de adaptação dos seres humanos é impressionante!!!

Ida Rebelo disse...

Vim aqui, justamente para fazer um comentário sobre a adequação de alguns itens do texto, mas o Ricardo já foi absolutamente preciso e eloqüente, só assino embaixo. E quem assistiu às minhas aulas deve saber a razão.

Beijos de estréia a todos!

AnaCris disse...

Gosto de subversões... Daniel Pennac que o diga, podemos não ler tudo ou algumas páginas o importante é interagir, provocar e ser provocado, COMUNICAR.
Ana Cris

Ricardo Artur disse...

Contudo, Ana Cris, subversão também pressupõe o conhecimento da norma.
Acho a informação relevante, mas muita coisa mudou.
Se vamos subverter, saibamos antes de qual o paradigma vamos nos apropriar.