segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Para minha turma amada.


Naquele já distante, porém inesquecível, dia 31 de março de 2007, cheguei cedo à PUC.
Era a primeira aula e temia me atrasar, por isso, saí de casa com muita, muita, muita antecedência.
Mas, também, temia ser vista ali tão cedo, podia parecer que eu estava ansiosa; e estava mesmo. Podiam pensar que aquilo tudo não me era familiar; e não era mesmo. Podia-se ter a impressão de que me sentia pequena em comparação ao que tinha pela frente; e me sentia mesmo.
Já não disseram que os maiores medos, de tão temidos acontecem? Pois é, um carro parou ao meu lado, e a coordenadora do curso - a única pessoa na PUC que me conhecia, pois me havia entrevistado - cumprimentou-me dizendo:
- Chegou cedo, hein?
Roxa de vergonha, balbuciei um "sim" e saí a caminhar sem saber bem para onde.
Estando tão adiantada e o fato já sendo sabido por, pelo menos, uma pessoa, resolvi dar uma volta pelas jardins da Universidade, numa tentativa de me acalmar. Fiquei impressionada. Nossa, como tudo era grande! Um mundo! Caminhando e caminhando, descobri cantinhos - desertos àquela hora - deliciosos. Zanzei, zanzei e zanzei... E, caramba, estava atrasada! Outra coisa que me deixa morta de vergonha. E agora? Como entrar na sala de aula? Reunindo os poucos fragmentos de coragem e ousadia que me restavam numa reserva quase esgotada, entrei.
O coração acelerado, as faces queimando, as pernas trôpegas, sentei no primeiro lugar que encontrei, sem olhar ou cumprimentar quem quer que fosse. Iam pensar ser falta de educação aquele enorme constrangimento que eu sentia...
Concentrei-me na aula. Era tão interessante que fiquei inteiramente absorvida no que ouvia, acompanhando a professora por aqueles novos caminhos.
- Você parece fascinada com o assunto. Está gostando?
Assustei-me! Era comigo! Ela estava olhando diretamente para mim.
De novo constrangida, balbuciei, mais uma vez, um "sim". Ela devia estar me achando uma tonta, certamente!
Com o passar do tempo, pouco a pouco, fui arriscando perscrutar a minha volta.
Ao contrário de mim, todos os outros pareciam tão à vontade. Tão integrados. Tão confiantes.
O patinho feio em mim começou a procurar um grupo para si, embora todos parecessem cisnes.
Eles tinham seus lugares mais ou menos definidos, e eu, a cada aula, sentava-me em um canto. Era a minha busca por afinidades.
Depois de haver percorrido três ou quatro "grupos", fiz aquela que seria a maior de todas as descobertas: não havia realmente grupos!
O que havia era um encontro de pessoas absolutamente dispostas a ter e a dar o melhor. Para nossa felicidade, naquela turma havia uma unicidade de comportamento que nos levaria ao topo: todos eram importantes e cada um era especial.
Cresci junto com todos, à medida que cada um elevava o outro. Em todos encontrei ternura, amizade, incentivo e uma resposta positiva a tudo o que eu fazia. Nada que se fazia naquela turma era disperdiçado; tudo dava fruto. E que fruto! Bastava fazer um comentário, mostrar um trabalho, apresentar uma idéia... e lá estava o fermento generoso a transformar aquele produto inicial em algo rico e coletivo. Não raro eu tinha a impressão de que os pensamentos, as idéias, eram comuns e, quando pronunciados, cada um enriquecia o assunto com suas próprias teorias, como se já tivessem pensado muito a respeito daquilo. Nada, portanto, era de uma só pessoa. As conclusões eram um trabalho de todos e todos embarcavam com o mesmo entusismo em todas as questões. Fantástico!
Resultamos todos grandes, ao final. Entrei pequena e saí do tamanho de todos. Obrigada!

Então, tendo concluído e apresentado minha monografia, declaro, aqui, que o trabalho não é apenas meu, mas de todos vocês, pessoas generosas, que me ajudaram a chegar ao topo.

Agradeço e ofereço a vocês, amados companheiros da turmacce2007, o trabalho de conclusão do curso.

Beijos saudosos e chorosos,
Edna.