sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Na pausa não há música, mas a pausa ajuda a fazer a música.

Toda sexta-feira à noite começa o shabat para a tradição judaica. Shabat é o conceito que propõe descanso ao final do ciclo semanal de produção, inspirado no descanso divino, no sétimo dia da Criação.
Muito além de uma proposta trabalhista, entendemos a pausa como fundamental para a saúde de tudo o que é vivo. A noite é pausa, o inverno é pausa, mesmo a morte é pausa. Onde não há pausa, a vida lentamente se extingue.
Para um mundo no qual funcionar 24 horas por dia parece não ser suficiente, onde o meio ambiente e a terra imploram por uma folga, onde nós mesmos não suportamos mais a falta de tempo, descansar se torna uma necessidade do planeta.
Hoje, o tempo de 'pausa' é preenchido por diversão e alienação . Lazer não é feito de descanso, mas de ocupações 'para não nos ocuparmos'. A própria palavra entretenimento indica o desejo de não parar. E a incapacidade de parar é uma forma de depressão.
O mundo está deprimido e a indústria do entretenimento cresce nessas condições. Nossas cidades se parecem cada vez mais com a Disneylândia. Longas filas para aproveitar experiências pouco interativas. Fim de dia com gosto de vazio. Um divertido que não é nem bom nem ruim. Dia pronto para ser esquecido, não fossem as fotos e a memória de uma expectativa frustrada que ninguém revela para não dar o gostinho ao próximo.
Entramos no milênio num mundo que é um grande shopping. A Internet e a televisão não dormem. Não há mais insônia solitária; solitário é quem dorme. As bolsas do Ocidente e do Oriente se revezam fazendo do ganhar e perder, das informações e dos rumores, atividade incessante. A CNN inventou um tempo linear que só pode parar no fim.
Mas as paradas estão por toda a caminhada e por todo o processo. Sem acostamento, a vida parece fluir mais rápida e eficiente, mas ao custo fóbico de uma paisagem que passa. O futuro é tão rápido que se confunde com o presente. As montanhas estão com olheiras, os rios precisam de um bom banho, as cidades de uma cochilada, o mar de umas férias, o domingo de um feriado... Nossos namorados querem 'ficar', trocando o 'ser' pelo 'estar'.
Saímos da escravidão do século XIX para o leasing do século XXI - um dia seremos nossos?
Quem tem tempo não é sério, quem não tem tempo é importante. Nunca fizemos tanto e realizamos tão pouco. Nunca tantos fizeram tanto por tão poucos... Parar não é interromper. Muitas vezes continuar é que é uma interrupção. O dia de não trabalhar não é o dia de se distrair - literalmente, ficar desatento. É um dia de atenção, de ser atencioso consigo e com sua vida. A pergunta que as pessoas se fazem no descanso é 'o que vamos fazer hoje?' - já marcada pela ansiedade. E sonhamos com uma longevidade de 120 anos, quando não sabemos o que fazer numa tarde de Domingo. Quem ganha tempo, por definição, perde.
Quem mata tempo, fere-se mortalmente. É este o grande 'radical livre' que envelhece nossa alegria - o sonho de fazer do tempo uma mercadoria.
Em tempos de novo milênio, vamos resgatar coisas que são milenares. A pausa é que traz a surpresa e não o que vem depois. A pausa é que dá sentido à caminhada. A prática espiritual deste milênio será viver as pausas.
Não haverá maior sábio do que aquele que souber quando algo terminou e quando algo vai começar. Afinal, por que o Criador descansou? Talvez porque, mais difícil do que iniciar um processo do nada, seja dá-lo como concluído.

Texto do Rabino Nilton Bonder, da Congregação Judaica.

Abdução


De onde vem esta força

que arrasa minhas defesas

que arranca meu equilíbrio

que desfaz minha prumada?

De onde vem este poder

de me fazer provar do ouro e do lobo

de me fazer realizar coisas mais simples

de me fazer renascer a cada toque?

De onde vem esta mulher

que é tanto o que tanto quis

que escorre sonhos nas palavras

que faz dourada a luz de meu corpo e me ensina o valor das sombras?

Que viajante é esta

que me leva num segundo em estradas por quilômetros

sem nunca querer voltar?

Luiz Favilla

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

A FORÇA E A CORAGEM

É preciso ter força para ser firme, mas é preciso coragem para ser gentil.
É preciso ter força para se defender, mas é preciso coragem para baixar a guarda.
É preciso ter força para ganhar uma guerra, mas é preciso coragem para se render.
É preciso ter força para estar certo, mas é preciso coragem para ter dúvida.
É preciso ter força para manter-se em forma, mas é preciso coragem para ficar em pé.
É preciso ter força para sentir a dor de um amigo, mas é preciso coragem para sentir as próprias dores.
É preciso ter força para esconder os próprios males, mas é preciso coragem para demonstrá-los.
É preciso ter força para suportar o abuso, mas é preciso coragem para fazê-lo parar.
É preciso ter força para ficar sozinho, mas é preciso coragem para pedir apoio.
É preciso ter força para amar, mas é preciso coragem para ser amado.
É preciso ter força para sobreviver, mas é preciso coragem para viver.
Se você sente que lhe faltam a força e a coragem, queira Deus que o mundo possa abraçá-lo hoje com seu calor e Amor!
E que o vento possa levar-lhe uma voz que lhe diz que há um Amigo, em algum lugar do Mundo, desejando que você esteja bem e que, acima de tudo, seja muito feliz!!
Autora: Ivete Tayar
(Não verifiquei a autoria)

domingo, 13 de janeiro de 2008

As coisas que o nosso cérebro faz!


As coisas que o nosso cérebro faz...!!!!
Se os seus olhos seguirem o movimento do ponto rotativo cor de rosa, só verá uma cor: rosa. Se o seu olhar se detiver na cruz negra do centro, o ponto rotativo muda para verde.
Agora, concentre-se na cruz do centro. Depois de um breve período de tempo, todos os pontos cor de rosa desaparecerão e só verá um único ponto verde girando. É impressionante como o nosso cérebro trabalha. Na realidade não há nenhum ponto verde, e os pontos cor de rosa não desaparecem. Isto deveria ser prova suficiente de que nem sempre vemos o que acreditamos ver... que perigo!

sábado, 12 de janeiro de 2008

As mãos

Chega um dia
em que a mão não se apercebe do limite da página
e sente que as sombras das letras que se escreve
saltam do papel.
Atrás dessas sombras,
passa então a escrever nos corpos espalhados pelo mundo,
num braço estendido,
nos restos de algo.
Mas chega outro dia,
em que a mão sente que todo o corpo devora
furtiva e precocemente
o obscuro alimento dos sinais.
Chegou para ela o momento
de escrever no próprio ar,
de conformr-se quase com o seu gesto.
mas o ar também é insaciável
e os seus limites são obliquamente estreitos
A mão empreende então a sua última tentativa:
passa humildemente a escrever sobre si mesma.
Roberto Juarroz (1925-1995)

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

A menina da floresta, do rio, da casa, do barco

Casinha simples no meio da floresta. A menina-moça sai e circunda o olhar pelos arredores. Quase sem ver, pois sabe cada árvore, cada planta, cada pedra...
Rodopia em homenagem ao paraíso que a rodeia. Dirige-se, lépida, ao rio em cuja margem mora. Banha-se.
Volta por um caminho mais longo, pois precisa colher os alimentos para o dia.
Prepara amorosamente a refeição, enquanto espera o pai que, acordando enquanto ela estivera fora, também se dirigira ao rio.
Cantarola e improvisa passos de dança que nunca vira, limpando e arrumando a casinha. Enfeita-a com flores e plantas em profusão. O pai costuma dizer, às gargalhadas, que, qualquer dia, terá que abrir espaço entre os cômodos da casa com um machado, pois não saberá mais o que é floresta e o que é moradia.
Como sua vida é boa, serena, feliz... Ela e o pai têm tudo de que precisam. Ou melhor, quase tudo. E esse é o senão.
A cada período, o pai precisa pegar o barco e ir buscar o que é impossível tirar ali mesmo daquela terra. É um dia inteiro fora e, para a menina, um dia de apreensão, suplício, medo, pavor... E se ele não voltar? O que será dela? Só há aquele barco. E, mesmo que houvesse outro, ela não saberia para onde ir. Jamais saíra dali. Não sabe sequer aonde exatamente o pai vai naqueles dias. Não poderia sequer procurá-lo ou ficar sabendo o que lhe acontecera.
Nesse dia de ausência do pai, encaminha-se, como sempre, para o rio, mas só há tristeza em sua alma. Está totalmente entregue ao desespero e à solidão.
Enquanto se banha, lentamente começa a perceber que as águas tornam-se menos frias, mais lentas. Fica imóvel e sente que o rio a acaricia mornamente, como a querer consolá-la.
Sai da água e, no caminho, as folhagens e ramas vão inclinando-se e envolvendo-a docemente, num abraço carinhoso.
Chega à campina e a relva dobra-se ligeiramente, como a incentivá-la a deitar-se em seu leito. Ela o faz.
O sol, terno, passeia por seu corpo aquecendo-a gradativamente: o rosto, os ombros e braços, o dorso, as pernas e pés. Pronto! Está relaxada e aquecida. O sol levou a tristeza, trazendo alegria!
Levanta-se e se depara com uma rampa bastante íngreme de grama, que a desafia a utilizar seu contorno escorregadio numa louca descida. Lança-se a escorregar grama abaixo cada vez mais rápido; cada vez mais livre. Grita e grita e grita... não sabe bem o que!
Então a velocidade começa a diminuir e ela pára mansamente, tonta de gozo.
Naquele momento, pingos de paz começam a cair. Ergue o rosto para a chuva fina que a acalma e acalenta.
Repleta de tantas emoções, aconchega-se a um tronco e adormece. Os frondosos galhos a protegem; a poderosa árvore lhe faz companhia.
Quando acorda, corre ansiosa e apreensiva até a beira do rio, para o ponto onde o pai sempre deixa o barco.
Não está lá! Olha para a extensão do rio até onde sua visão alcança. Há um pontinho que parece, lentamente, crescer. Corre ao longo do rio buscando distinguir aquilo que parece ver. Corre e corre na beira do rio, sem perder de vista o ponto. Até que, com o coração a dar saltos, percebe que é um barco. E, pouco depois, reconhece a embarcação do pai.
Agora está tudo bem, e a vida da menina da floresta da beira do rio segue boa, serena, feliz...
Até o dia em que o pai precisará novamente ausentar-se...

A sóbria cor da linha poética.

Se não fosse teu sopro
jamais descobriria
na luz trêmula da vela
toda a fragilidade do fogo,
ó minha poesia!
Meu coração é uma lâmpada
que se apagou
mas ainda está quente...
Guardei secretamente os pedaços do amor,
que com a ausência perderam o centro.
Lembro-me deles quando os tinha
tecidos dentro de mim.
O colo onde dormi saciado.
Os seios onde sonhei acordado.
As histórias que me embalavam.
Muitos rios correram aqui.
Muitas pedras deixei no tempo,
cicatrizes muito fundas, mares.
Guardei secretamente os pedaços do amor.
As jóias, agora escondidas
em tênues paredes de vidro,
são tesouros revelados
tão presentes,
pequenos retalhos que teço
serenamente
com a memória,
até que a lembrança una
todos os prazeres a dois
para que neles se faça
uma manhã do depois.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

O vestido quadriculadinho azul e branco

Se não fosse quadriculado seria floral, de listras, cores ou simplesmente branco igual à maioria deles. Um pedaço de pano, uma parte da história a ser contada...
Muitos quadradinhos brancos e azuis colorem momentos eternos de Maria, uma mulher que merece viver e amar como outra qualquer do planeta. Ela decidiu que o seu vestido seria quadriculadinho, pequenos quadradinhos bem juntinhos, azul e branco. O vestido do dia que seria o dia mais feliz de sua vida, que escolheu para uma vida a dois. Nos romances e contos de fadas aparecem no final do livro, mas para ela, o primeiro dia do resto de suas vidas.
Um dia de sol, de sim e com muita gente partilhando a sua felicidade que transbordava a partir de um desejo de construir um lar, uma família.
O sim que marca a frase “e foram felizes para sempre”. E foram morar num apartamento perto do mar, em Copacabana no Rio de Janeiro. Lá construíram planos, paredes, móveis, filhos e muita rotina.
Num desses dias, quase todos iguais, Maria saiu para as compras e se deparou com uma vitrine. Um vestido quadriculadinho azul e branco, e seu rosto marcado pelo tempo. Naquele instante, se olhou profundamente e perguntou, onde estaria seu lindo vestido quadriculadinho azul e branco, que também deveria estar bem marcado pelo tempo. De lá para cá tantas marcas e tantos quadradinhos construídos, e agora desesperadamente bateu uma saudade imensa do vestido e do tempo “FELIZES PARA SEMPRE”.
Retornou a sua nudez tão desejada naquele momento, antes do vestido quadriculadinho azul e branco, e reencontrou seus sonhos. Lembrou de todas as faltas perdidas nos dias que sempre eram assim...
Marcas, cada uma feita e perdida num tempo. Lembrou da falta de abraços, espaços, perigos e abrigos. Da falta das folhas, de ar e de histórias. Perdeu o tempo das flores e de colher os frutos que tanto plantou e agora quer voltar a cada momento e sentir o gosto, cheiro e sabor. Usar seu vestido quadriculadinho azul e branco, repleto de sonhos e folhas em branco a serem descritas por uma vida inteira.

Ana Cristina Aguiar Vilhena de Carvalho

domingo, 6 de janeiro de 2008

No Dia de Reis viva as Rainhas!

Algumas linhas

“Se não fosse domingo”, ela lamentou. “Se não estivesse tão cansada”, suspirou. “Se não tivesse deixado para a última hora!" Agora, como libertar as palavras, tão escondidas, recolhidas com medo da folha em branco na tela?

Passara os últimos minutos apertando teclas, como a agulha abrindo caminho para linha. Lá no computador apareciam palavras: foi um substantivo, seguiu um verbo, pingou um artigo e chegou emplumado um adjetivo. “Ei, cabe um adjetivo? Ah, não! Sem adjetivo aqui!” Apagava tudo: adjetivo, artigo, verbo e substantivo. E lá estava a folha em branco a levantar a sobrancelha, desafiando. “Lutar com palavras é a luta mais vã”, disse o poeta.

Segurou o retalho com os dedos gordinhos. “Se não fosse um trabalho da pós-graduação”, lamentou e suspirou. E se fosse apenas o desafio de uma amiga entediada, uma das birutices da Carol, que havia sido engolida pelo trabalho? “Nunca mais tive Carol e suas birutices!” Num instante, ouviu a voz divertida da amiga: “separei este retalho para você. Nele, há uma história escondida, uma história presa nas tramas, texturas e cores do pedaço do tecido. Você tem a tarefa de contar essa história, mas, para que ela se revele perfeitamente, o estilo de narrar deve acompanhar o estilo de tecer. Tecido leve, escrita leve; tecido colorido, escrita colorida; tecido sóbrio, escrita sóbria”.

Parou um segundo e percebeu que não era mais um trabalho da pós. Era um desafio da Carol, do qual não fugiria! Foi a vez dela de levantar a sobrancelha para a folha na tela. Começou a tecer: lá foram a correr substantivos, verbos, artigos e adjetivos. Decidiu contar na terceira pessoa, como espectadora da própria história. Parou logo após escrever “espectadora da própria história”. É que o retalho havia escorregado e agora estava deitado no chão de madeira. Mais uma vez, suas mãozinhas o seguraram.

Olhou para ele por cima dos óculos, como se o estivesse vendo pela primeira vez. Era preto e branco, portanto, clássico e sóbrio, certo? Mas também era estampado, divertido, com flores grandes e uma alegria primaveril. E quanto à espessura? Bem, era grosso se comparado à seda, e leve se confrontado com a lã. “Sóbrio e divertido, leve e grosso, isso não é nada bom”, pensou. Sim, era difícil de definir, tal qual seu texto, o qual queria ser sério e virou divertido, e pretendia ser leve e foi ganhando peso, com períodos mais longos.

O novelo era curto e a folha estava acabando. Sabia que era hora de dar o arremate final. “Se não tivesse começado daquela forma e nem enrolado no meio”, culpou-se. Agora estava ali um texto sem pé nem cabeça, assim como o retalho, que não é vestido, não é calça e nem mesmo uma blusa! É só um pedaço! Pedaço de pano, pedaço de texto.

Decidiu salvar o documento. Depois, enviou à professora, com cópia oculta para a amiga Carol. Por fim, lançou um olhar zangado à sobra de tecido e disse com rancor: “você não deu nem pano para a manga!”

Gabriela Mendes




"A verdadeira filosofia é reaprender a ver o mundo."


Merleau-Ponty

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

A TURMA TECELÃ

Se não fosse assim, teria sido bem estranho. Porque o início foi como todos os inícios. Começamos a tessitura com um fio bem neutro: cor indefinida, velocidade lenta, pontos cautelosos, textura frouxa. Portanto, neutralidade total; um começo como quaisquer outros começos.
Porém, logo que alguém experimentou um fio colorido, a neutralidade foi para o espaço. Em conseqüência, a cautela se foi também; a velocidade do tecer aumentou; e o fio nos percorreu, nos ligou um a um fazendo a textura um tanto mais forte: tornamo-nos tecido. Naquele momento mágico, percebemos que, além de tecer conhecimentos acadêmicos, talvez, mudando a cor do fio de vez em quando, pudéssemos, também, tecer sentimentos, desejos, realizações; por que não?
E – é claro! – não foi de vez em quando. Percebemos que podíamos tecer qualquer coisa, tudo, o tempo todo.
Então, ora era uma história começada a ser tecida por um e acabada por todos. Ora era um anseio começado a ser tecido por um e acabado por todos. Ora era uma lembrança começada a ser tecida por um e acabada por todos; isso mesmo, até as lembranças são como que coletivas, comuns, comungadas.
Os fios se tornaram infinitos em cores, matizes, texturas... Pois, como quantificar as tantas combinações possíveis quando todos tecem juntos diferentes tecidos que são os mesmos?
Os meus fios formavam flores pretas em um fundo vermelho. Mas não duraram muito. Na verdade, não duraram nada, pois logo alguém introduziu o amarelo do sol que banhou tudo; outro, o marrom das abelhas que beijaram as flores; mais um, o branco das nuvens que refrescaram, com suas sombras, o chão negro; uma, o nuance prateado da chuva que borrifou as flores e marejou a terra; aquela, o verde que presenteou o solo com a grama macia e tenra; e mais outro; e mais outro; e mais outro.
E o verbo começar do parágrafo anterior foi apenas força de expressão. Ficou parecendo que os outros contribuíam com meu tecido. Mas isso acontece apenas porque sou eu a escrever este texto. Nada, quanto a esse começo, é garantido. Foi tudo mágico; ninguém sabe quem iniciou.
Sei, apenas, que jamais vivi coisa igual. Será isso o que Fernão Capelo Gaivota sentiu? Encontramos nossos iguais? Nosso bando? Aqueles que iluminamos e nos iluminam ou nos iluminam e iluminamos?

Edna Menos Capelo Farias.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Texto tecido


Certo dia, recebi um e-mail pedindo que se levasse para a sala de aula um pedaço de tecido velho, o famoso retalho. É dessas coisas loucas que a gente só ouve num curso como o aquele. Fiquei surpresa e confesso, chateada, pois ninguém imagina para que um pedaço velho de tecido possa servir ainda mais num curso de pós da PUC.

Quando criança via sempre minha mãe pegar os panos velhos para fazer de pano de chão, tinha também aqueles retalhos de costura de tecido pouco absorvente que as mulheres da casa utilizavam para fazer aqueles tapetes que ninguém conseguia vender e todos rezavam para não receber de presente.

Que interessante, de repente não consigo parar de me lembrar da minha infância, da minha avó remendando as calças surradas dos meus tios, daqueles tapetes, daquelas mulheres costureiras, o cheiro de bolo sendo assado pela casa, meu deus, mas pra que serviria o retalho?

Tudo bem que a disciplina chama-se tessitura do texto e vá lá que se compare o texto ao tecido, mas o que se pode fazer com um pedaço de pano velho numa aula?

Nossa!Lembro daquela festa junina que eu não tinha vestido e mamãe improvisou aquele vestido velho com o saco de retalhos da titia que estava lá no fundo do armário, lembro até daquela antiga máxima “quem guarda tem!”, caramba, como me diverti naquela noite de São João...

Puxa quanta lembrança!Acho fiz uma viagem no tempo.
De repente me ocorreu que um tecido é a junção de vários retalhos de mesmo tecido que antes eram pequenos fios, que não servem para outra coisa senão junto com outros milhares de fios formar o tecido.

Percebo agora que é isso que sou, é o que somos todos... a junção fio a fio das pessoas que passam pelas nossas vidas; as que ficam e as que vão, dos lugares que conhecemos, dos livros que lemos, dos nossos entes queridos, das pessoas que admiramos, do conhecimento que adquirimos ao longo dos anos, e a novidade é que o tecido fica mais bonito, mais colorido e mais forte quando tecemos com outros sem preconceitos e quando valorizamos cada dia da nossa existência e da existência do nosso próximo!





Por Flávia Nogueira.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

relemabrnod Erica

O nosso cérebro é doido !!! De aorcdo com uma peqsiusa de uma uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as Lteras de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia Lteras etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma bçguana ttaol, que vcoê anida pdoe ler sem pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa Ltera isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo. Sohw de bloa.
Fixe seus olhos no texto abaixo e deixe que a sua mente leia corretamente o que está escrito.

35T3 P3QU3N0 T3XTO 53RV3 4P3N45 P4R4 M05TR4R COMO NO554 C4B3Ç4 CONS3GU3 F4Z3R CO1545 1MPR3551ON4ANT35! R3P4R3 N155O! NO COM3ÇO 35T4V4 M310 COMPL1C4DO, M45 N3ST4 L1NH4 SU4 M3NT3 V41 D3C1FR4NDO O CÓD1GO QU453 4UTOM4T1C4M3NT3, S3M PR3C1S4R P3N54R MU1TO, C3RTO? POD3 F1C4R B3M ORGULHO5O D155O! SU4 C4P4C1D4D3 M3R3C3! P4R4BÉN5!