segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Desejos de alguns para 2008


"Que todos vocês possam descobrir motivos, diariamente, para continuarem as pessoas esplêndidas que são." (Edna)

"Torcendo para que você compartilhe com amigos em 2008 árvores recheadas de envelopes." (Jaquie)

"Tenham todos um Natal maravilho e um 2008 repleto de felicidades e realizações!" (Ângela)

"Antes de desejar paz, saúde e prosperidade, desejo que suas esperanças se renovem e que suas vontades se fortaleçam. A esperança e a força de vontade são os combustíveis que precisamos para mudar o mundo. Não precisa nem que seja muito, grandes mudanças são utópicas. Melhor que sejam pequenas, mas profundas, para que aos poucos possamos mudar o mundo à nossa volta e torná-lo um pouco mais humano, justo e fraterno. "Felicidade" começa com "fé". Fé de que as coisas podem ser (e serão!!) ainda melhores. Que vocês possam se iluminar com muita esperança e força de vontade para 2008."(Ricardo Artur)

"Desejo que em 2008 a vida lhes sorria,
Mas, sobretudo, desejo que sorriam para vida." (Clarissa)

"O "trem" da vida nos juntou, uai; somos hoje mais que um grupo... somos amigos. Há coisa melhor do que somar amigos? Desejo que o afeto, distribuído ao longo do ano de 2007, continue em 2008, em 2009... seja duradouro, enfim." (Maria Lilia)

"Les deseamos a todas las buenas personas que conocemos que el próximo año tengan toda la fuerza y den lo mejor de sí mismos sin importarles que les recompensen sus esfuerzos para trabajar por un mundo mejor, en el que la paz sea posible, con justicia y equidad y en el que sobrevivan las utopías aunque parezcan (y sean) imposibles." Mafalda (Gorette)

"Oxalá, que a vida me corra bem, oxalá.
Oxalá, que a tua vida também." (Tetê)

“Vou andar diariamente, sem obrigação de fazer exercício, por algum bosque ou jardim deste universo maravilhoso, por puro prazer. Vou comprar uma cachorrinha cocker-spaniel. Vou gastar tempo observando o vôo dos pássaros, a forma das nuvens, a folhagem das árvores. Vou ver de novo O carteiro e o poeta. Vou fugir do agito, do ruído, da confusão. Vou cultivar a solidão e o silêncio: um espaço sagrado. Vou fazer um jardim zen, com água e sinos que o vento toca. Vou ouvir muita música, canto gregoriano, Bach, Beethoven, Mahler, César Franck. Vou ler o Fernando Pessoa inteiro. Vou aprender a cozinhar. Vou receber os amigos. Vou beber cerveja, vinho, Jack Daniels. Vou brincar com coisas e com pessoas. Que Deus me ajude. E que ele se alegre com minhas promessas”. (Rubem Alves) (Gabi)

"Porque a vida tem muitos sentidos e um deles é quando, tornada linguagem, é contada, e quando, tornada história, vira conto, canto, encanto. E é re(com)partida." (Tania)

"ARRUME TEMPO PARA VIVER... (Clarissa)

DESEJO O SUFICIENTE PARA VOCÊ!!!" (Sandra)

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

OFÍCIO DE ESCREVER

Por Graciliano Ramos

Quem escreve deve ter todo cuidado para a coisa não sair molhada. Quero dizer que da página que foi escrita não deve pingar nenhuma palavra, a não ser as desnecessárias. É como pano lavado que se estira no varal. Naquela maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lava. Molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Depois colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Depois batem o pano na laje ou na pedra limpa e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso, a palavra foi feita para dizer.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

, não sei, ainda vou tentar. será que consigo? :

Prestem bem atenção no título dessa postagem. Foram lá? Viram os sinais gráficos? Pois é, começa assim mesmo o livro indicado pela Ida, com o título "Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres", de (minha querida) Clarice Lispector. Já havia lido há muito tempo e, confesso, não senti tanto a emoção passada pela Ida ao comentar sobre ele. Ela falou com tanto brilho no olho, e inclusive que o tinha sempre na cabeceira!



E lá fui eu à cata dessa emoção. Refazer a leitura e justamente no momento que me extasiava com ele, eis que o professor Ricardo pede uma postagem urgente no nosso blog.



Meu Deus! Como é possível não ter feito isso??? Bem, li tão rápido o pedido que nem "vi" que o prazo já tinha passado (foi dia 23.dez.07). Vou tentar agora. Tomara que dê tempo!!! a leitura é tecida com o início de uma vígula e termina com dois pontos, que "criam um entrelaçamento significativo entre a realidade e a 'realidade adivinhada'"



Ou seja, a Clarice proporciona essa oportunidade ímpar de compartilhar comigo do zig-zag que o mundo atual e virtual exige vivenciar. Só para vocês terem uma idéia, em algumas partes do livro não há parágrafos, desses que a gente tá acostumado a ver, assim ó: ponto, na outra linha, letra maiúscula. O quê? Um parágrafo sem letra maiúscula? É o paradigma Lispector em ação. isso confude? Não, tudo é fluído como a própria Lóri e seu Ulisses, como os pensamentos que vagam e se exibem para o leitor de maneira despudorada (nossa? essa palavra é bem "vintage", não? ok) e a gente vai lendo sabendo quando é que o "locutor" "fala" e quando é a Lóri. querem saber como? Eu vou dizer: por causa do tempo verbal! Ah, como foi bom ter percebido, sentido, lido isso, viram Érica, Jackie e Maria Lilia? É tão delicioso que parece até:

Nos alfabetisemos

Achei nos pertences da minha graduação, bastante pertinente, então, divido:

Esta vida é um constante fluir. (vendo esta original observação pela melhor oferta, cartas para o editor). Tanto assim que eu ia escrever sobre as aventuras gastronômico-burocráticas que vivi na semana finda, mas a vida fluiu e desisti. Conto apenas que, no momento em que escrevo, não temos gás aqui em casa, porque a companhia de gás do Rio está fazendo uma conversão. Botou aviso no elevador, parecendo até que é empresa séria, com a comunicação dos horários de interrupção e visitas de técnicos. Era para ter tudo acabado na segunda-feira passada mesmo, mas, até agora, temos enfrentado quentinhas e botecos com galhardia, porque nem gás nem técnicos apareceram, é claro. Vi um carro a serviço da companhia, fiz uma pergunta sobre a volta do fornecimento a um dos técnicos, ele me olhou como se eu acabasse de ter tido uma crise de flatulência explícita e me respondeu desdenhosamente que uma hora dessas voltava. Não tive melhor sorte com a burocracia, que me fez pular de telefone em telefone ouvindo musiquinhas e chamadas que não atendiam, para, depois de meia tarde e uma manhã de trabalho, ser informado de que uma hora dessas o gás voltaria e os técnicos apareciam. Mas é até bom que eu não fale mais, senão acabo processado e indo para a cadeia, no lugar de diretores, técnicos e funcionários da referida empresa, que depois ainda se queixam de má vontade, se não encontram receptividade pública para suas reivindicações de aumentos de tarifa ou salários. Que seiscentos mil demônios freqüentem todas as noites os sonhos deles (mas com gás para as fornalhas) é tudo o que carinhosamente lhes desejo.
Também ia falar do feriado de amanhã, data em que celebramos a redenção nacional trazida pela proclamação da República. Já pensaram que vergonha, principalmente ali perto da Estátua da Liberdade da Barra da Tijuca, a gente ser monarquia, em vez de república, como os americanos? Teríamos um imperador de barbas brancas e pantufos, que vexame. E não teríamos aproveitado a oportunidade para exterminar alguns milhares de nordestinos, essa praga nacional (eu mesmo acho que vou abdicar da nacionalidade baiana; vou ser do Amapá, como o Dr. Sarney), lá em Canudos. E permaneceríamos no atraso permanente a que a monarquia nos condenava e de que a República nos salvou, como qualquer um pode ver. Para não falar que, se o problema é imperador, nosso presidente preenche esse papel com muito mais vocação que Pedro II, além de não escrever sonetos eméticos (já escreveu outras coisas, mas não é justo falar nelas, pois ele mesmo já disse para as esquercemos, no que, aliás, está coberto de todas as razões possíveis). E, mais importante que tudo, onde ficaria o feriadão, que seria de nós sem o feriadão trazido ao nosso colo por essa radiosa segunda-feira? O 15 de novembro é um barato completo.
Mas a vida, em seu perpétuo fluir, obriga o operoso e militante jornalista a lembrar que hoje é Dia da Alfabetização. É hora, depois do MOBRAL, das mudanças revigorantes do ensino público e de outras iniciativas vitoriosas no campo da alfabetização (será "alfabetisação"? nunca se sabe, é o mal desta língua primitiva que falamos, em vez de inglês, que é língua de gente - tremenda besteira, isso de se escreverem umas coisas com "s", outras com"z", em vez de nos mirarmos na ortografia inglesa, muito mais coerente e racional), de fazer algumas críticas à situação da alfabetização e da leitura entre nós. Por exemplo, lê-se muito pouco aqui, todo mundo sabe disso. E a culpa principal, todo mundo também sabe, é o preço do livro. Livro é muito caro. Sim, é caro também em outros países, mas aqui devia ser mais barato, exatamente por causa dos nossos problemas de alfabetização. Não valem argumentos falaciosos, como o que vou citar, é tudo enrolação da indústria editorial, esse dragão ávido de lucros pantagruélicos. Por exemplo, um CD, ou uma caixa de CDs, custa mais caro do que muitos livros. Além disso, para se ouvir um CD, necessita-se de equipamento, preferivelmente o mais caro possível, para uma reprodução de boa qualidade. Livro, no máximo, exige óculos. No entanto, quando um livro aqui vende 20 mil exemplares, o editor manda rezar uma missa de ação de graças e os CDs vendem rotineiramente centenas de milhares de exemplares (exemplares, não, cópias; é asim que se fala em inglês), quando não milhões. Mas não é justificativa, o livro continua caro e é por isso que se ouve CD e não se lê livro.
Outra coisa é relacionada com a própria língua. Quem quer ler num diabo de uma língua que ninguém entende direito, de tão complicada e destituída de capacidade de expressão? Assim de cabeça, posso citar vários casos em que sua lógica e coerência obrigam quem a usa a recorrer ao inglês, ou mesmo a abolir vocábulos como "cujo", do qual ninguém tem necessidade mais. Quem precisa ser pernóstico e falar "a moça cujo pai eu conheci", quando "a moça que eu conheci o pai" é tão mais natural e claro? Quem precisa se referir a "questões corporativas" é tão mais chique e parece bem melhor aos leitores da "Fortune"? Quem precisa usar flexões verbais arrevesadas como "eu irei", em lugar do mais simples e parecido com inglês, "eu vou ir", como cada vez mais fala a juventude? Por que "houve problemas", que está na cara que é mais certo - embora, mas isso é outra incoerência, ninguém diga "Hão problemas"? Quem precisa de verbos tão feiosos quanto "pôr" e "botar", quando é bem mais elegante a galinha colocar um ovo? Por que "prejudicar", que confunde os americanos que inexplicavelmente querem aprender português, se "penalizar" está aí mesmo, embora usado erradamente há tanto tempo? Enfim, quem precisa da língua portuguesa? A vida flui, se globaliza e, neste dia tão significativo, vamos nos alfabetisar (alfabetizar? Corrija aí, leitor caturra). Let us teach ourselves how to read. Tão mais rico e menos pedante do que "alfabetizemo-nos".
(João Ubaldo Ribeiro).

domingo, 23 de dezembro de 2007

Um prego, um pneu, uma estrada, um instante, um espelho


Nem deu pra sentir susto. O ato reflexo para segurar o volante foi maior.

Droga, pensei, o pneu! Logo agora, tão perto da chegada! Minha filha dormia no banco de trás, meu marido dirigia outro carro à frente, meu filho desbravava terras longínquas, e celular não pega na estrada.

Procurando uma alma gentil que trocasse o pneu, avistei, logo à frente, a bandeira de um posto de abastecimento. Sorte, pensei novamente. Fui bem devagar, pelo acostamento, pisca-alerta ligado. E enquanto o borracheiro fazia seu trabalho, dei uma volta pelo lugar.

Eu sempre gostei de olhar as montanhas, especialmente nesta época de chuvas. A água e o sol, misturados, criam inúmeros tons de verde e os pincelam nas montanhas mineiras. Quando criança ficava contando quantos verdes havia no mundo. E se dirigindo não pudesse desfrutar a meu bel-prazer os verdes da paisagem, agora seria um deleite. Acasos que acontecem, providencialmente.


Um barulhinho, no entanto, desviou meu olhar para perto. Bem diante de mim, um passarinho pulava no chão. A seguir, mais dois passarinhos saíram de uma árvore baixa e pulavam atrás do primeiro. Eram um pouco menores e pareciam nervosos. Ah! Uma pássara-mãe com dois filhotes. Ignorando solenemente a minha presença, a pássara-mãe e seus filhotes estavam aprendendo sobrevivência. A mãe dava um pulo e olhava para trás, chamando a atenção dos filhos. A seguir, bicava algo no chão e olhava novamente para eles. Os danadinhos abriam seus biquinhos enquanto ela lhes dava a comida. Depois de algumas vezes dando comidinha nas boquinhas, ou melhor, nos biquinhos, a pássara-mãe mudou sua atitude. Não mais dava a comida para os filhotes. Olhava para eles, bicava algo no chão, olhava novamente para eles com a comida no bico e engolia. Os pobrezinhos pulavam atrás da mãe tentando pegar a comida, mas ela negava e negava.

O barulho da minha filha se aproximando fez com que os três voassem de volta ao ninho. Depois de explicar o sucedido, ficamos as duas a assistir a aula. Agora a pássara-mãe voava para perto de outra árvore. Os filhotes não conseguiam manter o vôo ainda tão longo e caíam. Ela chegava perto dos filhos e novamente levantava vôo. Não contei as tentativas, foram muitas.

A voz do borracheiro assustou-nos e levou os três de volta ao ninho. Pneu consertado, entramos no carro para seguir viagem. Mas antes de engatar a primeira, não pude deixar de olhar novamente para a árvore da pássara-mãe e seus dois filhotes. Lá estavam os três no chão, provavelmente na terceira lição da matéria: "Como viver sem você(s)".

Viciados em computador?

"Daqui a alguns anos teremos um verdadeiro surto de viciados em computador. Ninguém se deu conta da gravidade da situação", afirma o psicólogo Cristiano Nabuco de Abreu, coordenador do projeto Dependentes de Internet, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, em São Paulo. Trata-se de um fenômeno recente e difícil de quantificar. Segundo os especialistas, o número de pessoas atingidas pode ser bem maior que se imagina. O Brasil tem cerca de 4 milhões de usuários da internet. "A comunidade médica internacional estima que 10% das pessoas com acesso à internet desenvolvam essa dependência. O Brasil já pode ter aproximadamente 400 mil viciados", diz Nabuco.

Nos Estados Unidos, o fenômeno vem sendo estudado de forma intensa. Para a psicóloga Marissa Hercht Orzack, coordenadora do Centro de Viciados em Computador da Universidade Harvard, trata-se de um vício como todos os outros. "A pessoa não dorme, não se alimenta, abandona os amigos. Não tem vida, deixa de lado até a higiene pessoal", afirma Marissa. "Trato pessoas que ficam mais de 30 horas seguidas praticamente sem sair da cadeira."




(Fonte: máteria "O vício do novo século", publicada na Revista Época)

Hora do recreio (ou "como entender isso de forma bem-humorada"):

sábado, 22 de dezembro de 2007

Língua

Gosta de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar a criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores e furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que esta lhe é superior?
E deixe os Portugais morrerem à míngua “Minha pátria é minha língua”
Fala Mangueira! Fala!
Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó
O que querO que pode esta língua?
Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas
E o falso inglês relax dos surfistas
Sejamos imperialistas! Cadê? Sejamos imperialistas!
Vamos na velô da dicção choo-choo de Carmem Miranda
E que o Chico Buarque de Holanda nos resgate
E – xeque-mate – explique-nos Luanda
Ouçamos com atenção os deles e os delas da TV Globo
Sejamos o lobo do lobo do homem Lobo do lobo do lobo do homem
Adoro nomesNomes em ã
De coisas como rã e ímã
Ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã
Nomes de nomes como Scarlet Moon de Chevalier, Glauco Mattoso e Arrigo Barnabée
Maria da FéFlor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó
O que quer O que pode esta língua?
Se você tem uma idéia incrível é melhor fazer uma canção
Está provado que só é possível filosofar em alemão
Blitz quer dizer corisco
Hollywood quer dizer Azevedo
E o Recôncavo, e o Recôncavo, e o Recôncavo meu medo
A língua é minha pátria e eu não tenho pátria, tenho mátria e quero frátria
Poesia concreta, prosa caótica
Ótica futuraSamba-rap, chic-left com banana
(– Será que ele está no Pão de Açúcar?
– Tá craude brô
– Você e tu
– Lhe amo
– Qué queu te faço, nego?
– Bote ligeiro!
– Ma’de brinquinho, Ricardo!? Teu tio vai ficar desesperado!
– Ó Tavinho, põe camisola pra dentro, assim mais pareces um espantalho!
– I like to spend some time in Mozambique
– Arigatô, arigatô!)
Nós canto-falamos como quem inveja negros
Que sofrem horrores no Gueto do Harlem
Livros, discos, vídeos à mancheia
E deixa que digam, que pensem, que falem.

Língua - Caetano Veloso

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Dust in the wind!!

http://www.lojadosom.com.br/ aponte para a opção na coluna direita da seleção de artistas e procure Kansas:dust in the wind
Poeira no vento

A poeira causa a impressão de incômodo , mas ela tem sua conotação e denotação como o mundo dita e admite.... poeira no vento fala de tudo o que é passageiro aqui neste plano e para que lado o vento sopra.O impacto desta poeira perante rastros, aliados ou tufões dos adversários dos hemisférios.O recorte do mundo, a visão, a impressão são olhares, efeitos de comportamento e vem da mutação da complexidade humana.
Neste 2007 nos deixamos levar pelo vento do aprendizado, influência e tendências dos mestres. Suas deliciosas manias arrastaram essa poeira para outros lados............ formamos uma rede de conexão espacial, emocional , cultural!
Foram direções variadas, tempestades de areia com muita coisa nova em seu interior!
Agradeço aos professores e alunos que fizeram uma pessoa nova!
OBS: a música de inspiração para o escrito é do Kansas : Dust in the wind!PERFECT!

Espírito Natalino

Nestes dias de renovação de esperanças, encontrei a minha em uma figura que cruzava a rua.
Que todos vocês possam descobrir motivos, diariamente, para continuarem as pessoas lindas que são.
Beijos,
Edna.

FOTOGRAFIA ANDANTE

Era um ser marrom. Grande, forte e todo marrom.

Seus cabelos, marrons, desciam em longos cachos marrons moldados pelo tempo, pela sujeira e pelo descaso a se confundirem com a pele do rosto igualmente marrom. Dessa forma, não se distinguia o que era face do que era cabelo, visto que seu rosto marrom era recoberto por incontáveis sulcos marrons.

Poderia até estar nu, uma vez que suas roupas eram, também, marrons como o cabelo, a pele e tudo o que compunha aquele ser.

Assemelhava-se a uma figura pintada por uma criança que só tivesse um lápis de cor: o marrom. Sempre que eu via essas pinturas infantis de única cor, ficava pensando que somente sendo criança para imaginar algo tão inusitado. Uma pessoa não podia ser tão uniforme, tão contínua, tão monocromática. Mas – pasmem! – lá estava o desenho que anda.

Sim, ele andava. Lentamente, num ritmo só seu, mas andava. Se o criatura-barro tivesse, como fundo, uma paisagem de terra, um paredão, ficaria invisível, perfeitamente camuflado. A terra e ele; ele e a terra; a terra que caminha.

Fazia pensar em retorno... volta ao lugar de origem... pó ao pó...

Isso seria tudo se o homem não estivesse segurando, no centro do corpo, um daqueles sacos rosa de pipocas. O vivo pedaço de cor fazia pensar em um coração deslocado a gritar que ali havia vida. E que vida! Pois, a partir do momento em que se via o rosa, somente essa cor importava.

O rosa explodia e ofuscava o marrom.

Edna Farias.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

A LÍNGUA LATINA VISTA COM OS OLHOS DE HOJE


Nas práticas comunicativas nos dias atuais, a língua latina é um artifício bastante usado, em especial na linguagem publicitária que apresenta o uso do latim para enobrecer o produto e aguçar a curiosidade dos consumidores.
Expressões latinas como abemus algo ou alguma ave, própria para a ocasião; carpe diem popularizada graças ao cinema e por exaustiva expressão didática. Constroem a interação emissor - receptor na comunicação específica.
Sabe-se que o Direito Romano influenciou a Instituição Moderna; temos, como forma de erudição, por parte dos advogados, a utilização de expressões latinas, data venia muitas vezes memorizadas sem qualquer preocupação com os aspectos estruturais da língua.
Partindo-se das considerações, portanto, verifica-se que a língua latina, hoje, é utilizada especificamente como prática de trabalho, no tacante à produção textual, oral e escrita, resultado das comunidades discursivas. Em outras palavras, a língua latina é usada com alternância entre interesses individuais e o descaso de uma língua tão cultural e histórica que representa a base lingüística de nossa civilização.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Provérbios y Cantares

XLIV
Tudo passa e tudo fica,
mas o nosso é passar;
passar fazendo caminhos,
caminhos por sobre o mar.

XXIX
Caminhante, são tuas passadas
o caminho, e nada mais;
caminhante, não há caminho,
se faz caminho ao andar.

Ao andar se faz o caminho,
e ao voltar a vista para traz,
se vê o atalho que nunca mais
se há de voltar a pisar.

Caminhante, não há caminho,
senão as esteiras no mar.
(Antonio Machado)

Feliz Vôo Novo!

Cada um hospeda dentro de si uma águia. Sente-se portador de um projeto infinito. Quer romper os limites apertados de seu arranjo existencial. Há movimentos na política, na educação e no processo de mundialização que pretendem reduzir-nos a simples galinhas, confinadas aos limites do terreiro. Como vamos dar asas à águia, ganhar altura, integrar também a galinha e sermos heróis de nossa própria saga? Leonardo Boff

A águia é a ave que possui a maior longevidade da espécie. Chega a viver 70 anos, mas, para chegar a essa idade, aos 40 anos ela tem que tomar uma séria e difícil decisão.
Aos 40 anos ela está com as unhas compridas e flexíveis, não consegue mais agarrar as suas presas das quais se alimenta. O bico alongado e pontiagudo se curva. Apontando contra o peito estão as asas, envelhecidas e pesadas em função da grossura das penas, e voar já é tão difícil!
A vida só lhe dá duas alternativas: morrer ou enfrentar um dolorido processo de renovação que irá durar centenas de dias.
Esse processo consiste em voar para o alto de uma montanha e se recolher em um ninho, próximo a um paredão onde ela não necessite voar.
Então, após encontrar esse lugar, a águia começa a bater com o bico em uma parede até conseguir arrancá-lo. Após arrancá-lo, espera nascer um novo bico, com o qual vai depois arrancar suas unhas. Quando as novas unhas começam a nascer, ela passa a arrancar as velhas penas. E só após muitos meses sai para o famoso vôo de renovação e para viver então mais 30 anos.
Em nossa vida, muitas vezes, temos de nos resguardar por algum tempo e começar um processo de renovação. Para que continuemos a voar um vôo de vitória, devemos nos desprender de lembranças, costumes e outras tradições que nos causaram dor.
Somente livres do peso do passado, poderemos aproveitar o resultado valioso que uma renovação sempre traz. (autor desconhecido)
Obrigado a todos vocês por renovarem o meu desejo de voar.




quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Este amor que eu não esqueço e que teve o seu começo...

Naquele primeiro dia, mais ou menos duas dezenas de pares de olhos iluminados e iluminando fixavam-se nos professores. Enquanto um olhinho de cada par dizia “satisfaça-me”; o outro dizia “surpreenda-me”.

E foi o que aconteceu.

Clarissa e Bia começaram o que, para nós – crianças inocentes –, seria apenas um curso de pós-graduação.

Mas estávamos felizmente enganados, pois, enquanto Clarissa nos ensinava carinhosamente como ser acadêmicos, Bia – cantando lá com seus botões: esses moços/pobres moços/ah! se soubessem o que eu sei – nos ensinava as preliminares, conforme o plano.

Ah, sim, havia um plano, não duvide: ensinar-nos a ler com o outro, a ler para o outro, a ler o outro e, finalmente, a ler tudo. Deixaríamos de ser leitores silenciosos, como quem faz amor solitariamente.

Seguindo o combinado nos bastidores, lá estava Bia, sem que sequer desconfiássemos, nos introduzindo nas preliminares. Foi com ela que demos os primeiros passos. Foi com ela que ensaiamos, exploramos, experimentamos. E foi ela quem nos deixou prontos para fazer amor com Jackie. Um amor tão intenso, que resultou visceral naquela memorável última aula.

Pronto! Já sabíamos amar e estávamos apaixonados por tudo e por todos. Bastou nos dar a direção e lá fomos nós. A toda e avante pra frente (já sabemos que pode ser avante pra trás, né? Quem lembra qual foi o escritor que usou essa expressão?)!

Abusados e saidinhos, flertamos com Adriana.

Já com Érica, foi um amor delicado e profundo, deliciosamente doce como só ela. Isso tudo enquanto amávamos e nos deixávamos amar pela cativante e sedutora Meg.

Com Tetê foi íntimo, relaxado, gostoso mesmo. Somente com Tetê poderia ser assim.

O amor com Maria Lília foi quase sádico: adoramos ser chicoteados e ainda pedíamos mais. Seu humor/amor com laivos de acidez nos deixou viciados. Se Maria Lília cantou para seus pares no final de sua disciplina, só pode ter sido: Se você quer mesmo saber/porque que ela ficou comigo,/eu digo que não sei./Se ela tem seu endereço ou se lembra de você,/confesso que não perguntei./As nossas noites são feito oração na catedral,/não cuidamos do mundo um segundo se quer...

E o Ricardo Borges? Gente, o que foi aquilo? Parecíamos todos parceiros de longa data: sabíamos as melhores posições e o que havia ainda para explorar, desvendar. Lindo, revigorante, balsâmico...

Com Sandra fizemos um amor acadêmico: exercitamos os ensinamentos de Clarissa e Bia conjuntamente, co-ocorridamente.

E, finalmente, modernos que somos, culminamos fazendo um amor virtual com Ida e Ricardo Artur, tendo a parceria ocasional de Bia ou Clarissa.

Uma história de anorexia


Navegando em um dos sites que discutem a produção de sites, deparei-me com um artigo instigante sobre escrita para a web.
O site em questão é o A List Apart (Uma lista à parte), um site que uso como referência para pesquisa e para consulta, pois trata-se de uma revista eletrônica que apresenta artigos sobre os diversos aspectos da Internet como design, programação, conteúdos, escrita, etc. Vale a pena conhecer.
Já o artigo, Reviving Anorexic Web Writing, me pareceu uma provocação, um convite à leitura. O que a autora queria dizer com Revivendo a escrita anoréxica para web? Um título instigante, que despertou de imediato minha curiosidade. Foi então que notei, mesmo sendo webdesigner e não escritor, a primeira lição: títulos interessantes atraem os leitores. Pensei em como a criatividade pode ser um primeiro passo para a sedução do leitor. Pensei também em como a web está repleta de títulos clichês, em textos clichês, em sites clichês, com seu design bacana.
O artigo - que ainda pretendo traduzir um dia, quem sabe? - parte de uma situação vivida por Amber Simmons, escritora E webdesigner (para o site dela clique aqui). A autora descreve um caso em que um cliente em potencial aparece em seu escritório encomendando umo site. Ela diz "tudo bem, me dê os conteúdos que quer usar para que eu tenha uma noção a respeito daquilo com que estou lidando". O sujeito responde "Não podemos acrescentar isso depois que o design estiver pronto?". Diante da resposta, ela diz não ser possível desenvolver o trabalho.
Por ser escritora, além de designer, Simmons acredita que o coração de um site é seu conteúdo e que se as palavras não forem belas e significativas, o melhor design do mundo não será capaz de compensá-las.
A partir deste argumento a autora aponta para uma série de fatos históricos que contribuíram para o que ela chama de uma História da Anorexia. Entre muitos aspectos a autora destaca como o distanciamento entre designers e escritores fez com que muitas páginas fossem projetadas para serem olhadas, mas não lidas. Outra questão é que muitos dos textos escritos não eram feitos por escritores profissionais, mas por secretárias, engenheiros, designers. Nessa época, textos para a web eram simplesmente dolorosos para serem lidos: nem o design favorecia a leitura, nem o conteúdo valia a pena ser lido. A autora afirma que, como resultado dessas ações, os designers e escritores acabaram cultivando leitores impacientes e preguiçosos, levando ao conselho aos escritores para que abandonassem a arte da escrita e se preocupassem apenas em sumarizar.
Muito embora a situação tenha mudado (mais ainda nos EUA), embora designers e escritores tenham se aproximado nos projetos e escritores de qualidade tenham empregado seu talento em textos para a web, a recomendação de se cortar palavras, manter os textos curtos, em tópicos ainda prevalece. Na sequência a autora aponta para uma série de aspectos importantes, relativos à produção textual, em que a inserção do escritor profissional pode contribuir para oferecer uma experiência ainda melhor e mais rica na internet. Como exemplo, a autora destaca até o papel das legendas das imagens, que para a maioria não faz muita diferença, mas já para os cegos, na ausência de uma imagem, só contam com descrições simples, incompletas, e pouco criativas, que mal traduzem as imagens.
Particularmente, concordo com a autora. Penso que os sites devam oferecer mais do que informação, devam oferecer experiências que façam valer a pena. Não apenas os conteúdos visuais (por que não tratá-los como conteúdos?) mas também os verbais. Se o livro impresso tem seu design a partir do texto, por que o website deveria seguir o caminho contrário? Aliás, nem lá nem cá. Antes fosse que escritores e designers dialogassem mais, assim teríamos também livros impressos talvez muito mais ricos e interessantes.
Como diz Daniel Munduruku, escritor índio, "jogo aqui alguns piolhos para que vocês cocem suas cabeças".

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Ao cachimbo de Magritte

O professor de filosofia entrou na sala de aula, colocou a cadeira em cima da mesa e escreveu no quadro:
" Provem-me, por escrito, que esta cadeira não existe."
Apressadamente, os alunos começaram a escrever longas dissertações sobre o assunto.
Um dos alunos todavia, escreveu apenas duas palavras numa folha de papel, entregando-a ao professor. Este, não conteve um largo sorriso ao ler:
" Que cadeira? "
(Como diria o Dalai Lama, é preciso toda uma vida para encontrar a simplicidade).

Poesia



segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Quadrinhos interativos

Pessoas queridas,
pesquisando pelo Google achei uma história em quadrinhos interativa. Dependendo de onde você clica a história toma um rumo diferente. O site é em inglês e é meio doidinho, mas vale a pena conhecer essas experiências multilineares, não é?
Bjos a todos!

sábado, 8 de dezembro de 2007

Viciados em Internet

Você sabe que está ficando viciado em Internet quando...

...ao estar procurando uma informação específica em um livro, que faz tempo que você leu, e não encontra, seu cérebro manda seus dedos pressionar Ctrl + F.



Livro do Futuro



Eu me declaro viciada! E vcs?






Hoje acordei com ele cantando em minha janela.



Não temerei pelo mar agitado em noites de tempestade ou ventania.

Não temerei pelo silêncio das minhas noites vazias.

Não temerei as imagens embaçadas.

E andarei sozinho por todas madrugadas.

Serei poeta das coisas fugidias, cantando em verso

já sem temer o que temia.

Porque o maior perigo das coisas está na calmaria. (LF- 5.4)


Luiz: feliz ano novo!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007


É assim, no mistério do escuro,
que os seres da noite tecem o dia
mais brilhante para o Luiz.


Brincriações 2

(à Mia Couto)

Borboleta que insiste em ser ninfa: é ela a tal ninfomaníaca?

"O mais importante e bonito do mundo é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando.

Guimarães Rosa
Desejo a vocês

Carlos Drumond de Andrade

Fruto do mato, Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos, Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua Cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não Ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender um nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa, Um violão, Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco, Bolero de Ravel

E muito carinho meu.
Educador, educa-dor, educa a dor?

Madalena Freire

Estar vivo é estar em conflito permanentemente,
produzindo dúvidas, certezas sempre questionáveis.
Estar vivo é assumir a educação do sonho no cotidiano.
Para permanecer vivo, educando a paixão, os desejos de vida e de morte, é preciso educar o medo e a coragem.
Medo e coragem em ousar.
Medo e coragem em assumir a solidão de ser diferente.
Medo e coragem em romper com o velho.
Medo e coragem em construir o novo.
Medo e coragem em assumir a educação desse drama, cujos os personagens são nossos desejos de vida e de morte.
Educar a paixão (de morte e vida) é lidar com esses dois ingredientes, cotidianamente, através da nossa capacidade, força vital (que todo ser humano possui, uns mais, outros menos, em outros anestesiada) de DESEJAR, SONHAR. IMAGINAR e CRIAR.
Somos sujeitos porque desejamos, sonhamos, imaginamos e criamos; na busca permanente da alegria, da esperança, do fortalecimento da liberdade, de uma sociedade mais justa, da felicidade a que todos temos direito.
Este é o drama de permanecer VIVO...
aprendendo, ensinando,
construindo conhecimento,

fazendo educação!
É preciso não esquecer nada
Cecília Merireles

É preciso não esquecer nada:
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante.
É preciso não esquecer de ver a nova borboleta
nem o céu de sempre.
O que é preciso é esquecer o nosso rosto,
o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.
O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos,
a idéia de recompensa e de glória.
O que é preciso é ser como se já não fôssemos,
vigiados pelos próprios olhos
severos conosco, pois o resto não nos pertence.
(1962)
Amor

" Numa sala de aula havia várias crianças. Quando uma delas perguntou a professora:
- Professora, o que é o amor? A professora sentiu que a criança merecia uma resposta à altura dapergunta inteligente que fizera. Como já estava na hora do recreio, pediu para que cada aluno desse uma volta pelo pátio da escola e que trouxesse o que mais despertasse nele o sentimento de amor.
As crianças saíram apressadas e ao voltarem a professora disse: - Quero que cada um mostre o que trouxe consigo. A primeira criança disse: - Eu trouxe esta flor... não é linda? A segunda criança falou: - Eu trouxe esta borboleta. Veja o colorido de suas asas!
Vou colocá-la em minha coleção. A terceira criança completou: - Eu trouxe este filhote de passarinho.
Ele havia caído do ninho junto com outro irmão.
Não é uma gracinha? E assim as crianças foram se colocando. Terminada a exposição,a professora notou que havia uma criança que tinha ficado quieta o tempotodo. Ela estava vermelha de vergonha, pois nada havia trazido. A professora se dirigiu a ela e perguntou: - Meu bem, por que você nada trouxe? E a criança, timidamente, respondeu: - Desculpe-me, professora. Vi a flor e senti o seu perfume. Pensei em arrancá-la, mas preferi deixá-la para que seu perfume exalasse por mais tempo. Vi também a borboleta... leve, colorida! Ela parecia tão feliz que não tive coragem de aprisioná-la. Vi também o passarinho caído entre as folhas, mas ao subir na árvore, notei o olhar triste de sua mãe e preferi devolvê-lo ao ninho. Portanto, professora, trago comigo: o perfume da flor, a sensação de liberdade da borboleta e a gratidão que senti nos olhos da mãe do passarinho. Como posso mostrar o que trouxe? A professora agradeceu à criança e lhe deu nota máxima, pois ela fora a única que percebera que só podemos trazer o amor no nosso coração". Ame... mais do que tudo, ame !
A professora de horizontologia.

Já tinha parado a chuva e Clara Luz estava louca que a Gota voltasse. Felizmente a Fada-Mãe veio com uma novidade: - Minha filha, hoje vem uma professora nova. Você vai ter a sua primeira aula de horizontologia. - O que é isso? - É saber tudo sobre o horizonte. As crianças lá da Terra aprendem geografia. As fadas aprendem horizontologia. - Acho que vou gostar dessa aula - disse Clara Luz. O sininho da porta bateu: era a professora que vinha chegando. Clara Luz correu ao encontro dela: - Bom dia! Estou louca para aprender tudo sobre horizontes! - Que bom! - respondeu a professora. - Gosto de alunos assim entusiasmados. A professora era uma fada muito mocinha, que tinha acabado de se formar em professora de fadinhas. Sabia horizontolologia na ponta da língua. A Fada-Mãe ofereceu um cafezinho de pó-de-meia-noite e depois deixou Clara Luz e a Professora sozinhas. - Muito bem - disse a Professora. - Primeiro quero ver o que você já sabe. Sabe alguma coisa sobre o horizonte? - Saber, mesmo, não sei, não. Mas tenho muitas opiniões. - Opiniões? - É, sim. Quer que diga?
- Quero - respondeu a Professora, muito espantada. - A minha primeira opinião é que não existe um horizonte só. Existem muitos. - Está enganada - disse a Professora. - Horizonte é só um! - Eu sei que todos acham que é só um. Mas justamente vou escrever um livro, chamado Horizontes Novos. - Você vai escrever um livro? - perguntou a Professora, cada vez mais admirada. - Vou. Eu acho que criança também pode escrever livros, se quiser, a senhora não acha?
- Acho, sim. - Pois nesse livro eu vou dizer todas as minhas idéias sobre o horizonte. - São muitas? - quis saber a Professora. - Um monte. Por exemplo: eu acho que nós duas não devíamos estar aqui. - Ué! Devíamos estar onde, então?
- No horizonte, mesmo. Assim, em vez da senhora ficar falando, bastava me mostrar as coisas e eu entendia logo. Sou muito boa para entender. - Já percebi - disse a Professora. - Tenho muita pena das professoras, coitadas falam tanto!
- É verdade - respondeu a Professora, com um suspiro. - Clara Luz ficou muito contente: - Então, se está de acordo, por que não vamos para o horizonte já? - A professora levou um susto: - Não pode ser! - Por quê? - Não sei se é permitido... Não foi assim que eu aprendi horizontologia no colégio... - Por isso é que a senhora é tão magrinha. - Hein? - Coitada, levou anos aprendendo horizontologia sentada! - A professora levantou-se de repente: - Sabe de uma coisa? Vamos! Clara Luz ficou radiante: - Eu sabia que ia gostar dessa aula. E foram. - Viu como é fácil ir? - perguntou Clara Luz, enquanto voavam, de mãos dadas. - É mesmo. Nunca pensei que fosse tão fácil! - respondeu a Professora. Ela passava o dia dando lições para sustentar a mãe, uma fada velhinha, que já não podia trabalhar nem fazer mágicas. Ganhava vinte estrelinhas por aula e não tinha tempo para passeios. Agora, com o ar puro lhe batendo no rosto, estava até mais coradinha. - A senhora é bem bonita, sabe? - disse Clara Luz. - Acha?
- perguntou a Professora com um sorriso. Nisso, chegaram. - A Professora foi a primeira a pular sobre o horizonte. Estava tão alegre que se esqueceu que era professora e saiu aos pulos, com os cabelos voando: - Viva! Estou no horizonte!Clara Luz foi atrás, também muito contente. Um navio ia justamente aparecendo no horizonte. - Aproveite! - gritou Clara Luz. A Professora aproveitou. Segurou o navio na mão, como se ele fosse um brinquedo. O navio ia cheio de gente, que estava voltando da Europa, mas ninguém percebeu o que estava acontecendo. Só ficaram todos alegres. E o comandante resolveu dar um baile. A Professora, em criança, nunca tivera brinquedos, porque era muito pobre. Ficou encantada:
- Olhe só, que gracinha! Estão dançando, lá dentro! Ela se sentia como as crianças, quando vão ao teatrinho de bonecos. Ficaram as duas se divertindo, muito tempo, com aquele teatrinho. Depois, a Professora colocou o navio no mar, com tanto cuidado que não levantou a menor ondinha. E o navio, assim que saiu do horizonte, virou navio grande de novo, cheio de gente grande. A Professora, agora, estava coradíssima e como os olhos brilhando. Ter um brinquedo tinha feito um bem enorme a ela. - Vamos brincar de escorregar no arco-íris? - convidou Clara Luz. Dessa vez a Professora nem se lembrou de pensar se seria permitido, ou não. Foi logo subindo por um lado do arco-íris e escorregando pelo outro, com os braços para o ar: - Lá vou eu! No princípio, como não tinha prática, escorregava muito desajeitada e Clara Luz morria de rir. Mas logo se habituou e mostrou que tinha um jeitinho louco para escorregar no arco-íris. Escorregava de costas, de frente, em pé e até dançando. Clara Luz fazia tudo para imitá-la, mas a verdade é que não conseguia tão bem. Tinha acontecido uma mágica com o cabelo da Professora: agora estava dividido em duas tranças, igualzinho ao que ela usava quando tinha dez anos. Clara Luz estava notando isso, mas não disse nada. A Professora ainda não tinha percebido o que lhe acontecera. - Agora
- disse Clara Luz, - a senhora não quer dar uma espiada nos outros horizontes?
- Que outros, querida? Só existe um. - Então olhe para lá! A Professora, que só estava olhando para cá, concordou em olhar para lá, já que Clara Luz fazia questão. E viu mais de dez horizontes, um depois do outro. - Não é possível, Clara Luz! Estou vendo dez! - É? Então a senhora é formidável em horizontologia, mesmo. Eu só estou vendo sete. - Mas não é possível, Clara Luz! Será que não estamos sonhando? - Claro que não. Está sonhando é quem só vê um. Lá longe, na Via Láctea, a Fada-Mãe tocou o sininho, para avisar que já tina acabado a lição. Clara Luz e a Professora voltaram voando, rindo da cara das fadas que abriam as janelas e comentavam uma com as outras: - Que professora, essa! Onde já se viu dar lição, assim? Brincando no meio da aula! A Fada-Mãe estava na porta, esperando por elas. - Onde estiveram? - No horizonte, mamãe. Essa professora não ensina falando, não. Ela ensina indo. A Professora encabulou: só agora reparara que estava de trancinhas. Que iria pensar a Fada-Mãe? Mas a Fada-Mãe não era boba: foi lá dentro e, em fez de vinte estrelinhas, trouxe trina, para o pagamento. - Muito obrigada - disse ela. - Nunca vi minha filha gostar tanto de uma lição. A Professora não quis receber:- Não vou cobrar nada por essa aula. Eu é que aprendi muito com a sua filha. - Não acredite, mamãe! Ela é a professora melhor que eu já tive. A Fada-Mãe já tinha percebido isso. Insistiu em pagar as trinta estrelinhas e pediu à Professora que não deixasse de voltar, duas vezes por semana.
CARTA A DANIEL PENNAC

Prezado Daniel Pennac,

Fiquei alguns segundos pensando em como iria começar essa carta e referir-me a você, senhor, caro, querido... Escolhi PREZADO, devido a não conhecê-lo, porém com certo grau de intimidade e prazer possibilitados na leitura do seu livro “Como um romance”.

Comecei a ler por recomendação da Mestra Jaqueline, do módulo de Leitura – Curso de Comunicação e Linguagem da PUC RJ, para o trabalho final que tenho de entregar amanhã bem cedo. Confesso que li em vários momentos, de formas diferentes – no ônibus, na fila do banco, na espera do avião, assistindo televisão etc. E por algumas semanas não conseguir avançar na leitura, pois estava bastante envolvida em outras coisas e principalmente com minha própria resistência.

Hoje tenho um limite, um fato – amanhã eu tenho que apresentar um trabalho que vale uma nota. Na data limite volto ao inicio do livro, o que parece não dar tempo.

Li todo o livro com tamanha intensidade e desejo despertados na aula anterior da Mestra Jaqueline com o filme “Alex e Emma”. Um romance que acontece a partir do encontro entre duas pessoas e a literatura – uma interação face a face diferente da nossa. E igual ao filme, o texto passou a fazer sentido quando comecei a representá-lo em minha vida.

A intenção despertada por um horizonte de expectativas proporcionou o encontro com você e suas redes de interlocutores, ilustrador, sumário, livros citados, tradutora - a alquimia proporcionada por esse livro aberto... Totalmente aberto para ser lido e vivido.

E logo de inicio, fala que ler não suporta o imperativo, convidando-nos a possibilidade de não ler. Eu não tenho que ler posso fazer outras coisas, brincar com minha filha, assistir a novela, conversar com meu marido, namorar, ler outro livro. A própria Mestra Jaqueline deu a possibilidade de fazer outras entregas. POSSO PARAR AGORA...JÀ!

Algo além da entrega do trabalho me instiga a continuar e a primeira interrupção acontece. Minha filha solicita: – Mamãe lê para mim? Quase disse NÃO! Estava lendo o meu livro e por lê-lo lembrei de um parágrafo que você diz.

“... Falávamos da necessidade de ler, mas estávamos lá, perto dela, no quarto dela, do que não lê”.

Minha filha Maria está completando 5 anos e descobrindo as letras, fonemas e palavras. No momento que me pediu para ler eu a olhei e disse: – Claro! Vá ao seu quarto e escolha o livro que você mais gosta e vamos ler juntas.

Enquanto ela escolhia o livro avancei na minha leitura e derrepente ela voltou e disse: - Mamãe, eu não quero ler nenhum livro, eu quero fazer um. Trouxe lápis, caderno canetas e me pediu ajuda para escrever “ERA UMA VEZ...”. Para minha surpresa escreveu praticamente sozinha, minha ajuda foi na pronuncia das letras e fonemas –É..rrrr...ÁÁ...ÚÙÚ..mamama...ÀÀÀ / V(Assopro com os dentes).. ÊÊÊ...zzzz.

Após escrever ERAUMAVEZ (sem separar as palavras) falou: - Uma menina que... (escrevendo com minha ajuda) e indaguei – Que o quê? Ela respondeu: - Calma! isso será na segunda página. A segunda página dizia: - Estava com sua amiga. E assim era a história, com muitos desenhos, cores e palavras. As primeiras palavras escritas.

Maria cansou e foi para uma nova interação na tela da TV – Bakardigans no Discovery Kids. Acredito de fato que a Televisão é uma nova interação e discordo da sua citação “Enquanto que a TV, e mesmo o cinema tudo é dado nada é conquistado, tudo é mastigado...”. Nos programas de TV e Cinema, igual ao livro também tem uma rede de sentidos, imagens e interlocutores – o Diretor, as Equipes, o posicionamento da câmera, o enquadro, figura e fundo, as ESCOLHAS. A literatura infantil é entremeada de imagens e outros significantes, que não a palavra escrita.

Nova interrupção – Maria, minha filha! Agora ela quer brincar, eu respondo – Agora não posso, preciso terminar de ler esse livro e fazer um trabalho para entregar amanhã. Ela perguntou: - Que trabalho é esse? Respondi: - Esse trabalho é parecido com seu Projeto Leitura, que você lê o livro e depois faz o trabalho para apresentar aos seus amigos e professoras. Ela imediatamente se lembra do trabalho que tinha de fazer e foi até a sua mochila pegar o seu livro. O livro dessa semana é “Dança na Praça” de Jonas Ribeiro. Eis um trecho:
“... Todos estão diferentes, tudo está mudado. Em poucos segundos, a cara do Sr. Oscar vai desemburrando e se abre num sorriso...”.

Eu li em voz alta, inventei uma musiquinha, e Maria perguntou: - A música está escrita aí? Apontando para o livro. E eu respondi: - Não Maria, a Mamãe que inventou. Quando acabou a leitura do livro, Maria pegou uma folha e desenhou os personagens: A Flor e o Zezinho, de formas diferentes - O Zezinho está calçado e Flor com franjas no cabelo. Maria se auto-retratou e identificando-se com os personagens. Similar ao filme “Alex e Emma” que na interação modifica o personagem.

- Que lindos eles ficaram! Indaguei. E Ela se foi mais uma vez para uma nova interação. Continuei na leitura, com outras várias interrupções, televisão ligada, computador, barulhos diversos. Tudo estava incluído na leitura afetiva e efetiva, na proximidade e intimidade com todos.

SILÊNCIO...

Desculpem-me preciso LER! Já era tarde, a hora passou depressa e mesmo com o cansaço do dia estava LIBERTA de amarras – Um presente! Lembrei do livro de Clarice Lispector “Uma Aprendizagem – Livro dos Prazeres”.

“Aí estava o mar, o mais ininteligível das existências não humanas. E ali estava a mulher, de pé, o mais ininteligível dos seres vivos... Ela e o mar. Só poderia haver um encontro de seus mistérios se um se entregasse ao outro. A entrega de dois mundos incognoscíveis feita com confiança com que se entregariam duas compreensões...”.

O prazer de ler é esse encontro de mundos incognoscíveis – essa fruição de alquimia. Seu livro me faz desejar, ter prazer, ensinar, aprender... E novamente minha filha chega.

- Mamãe, hoje aconteceu uma coisa, eu escrevi sozinha a palavra UVA, olha só.

Lembrei-me do trecho do livro que diz:

“Ela chega, abre a mochila, expõe suas proezas e repete palavras sagradas”. Palavras descobertas.


Perceber o encontro das letras, a similaridade dos sons dos fonemas, explicar o inesplicado – porquê o “QÊ” tem “U” no meio. Como é difícil o começo da escrita e leitura, descoberta que nos coloca diante de um mundo incognoscível.

“... Nem sempre era fácil. Um parto a cada sílaba. O sentido da palavra perdido no esforço de sua composição”.

Voltar, retornar, errar – a dor de continuar...

- É assim? É isso mamãe? No ritmo dela, espelhando as letras e continuando a VIVER!

Como você, Daniel Pennac, diz belamente:

“... Formávamos uma trindade (ato sagrado) Ela, a história e nós”.

E fiquei assim, parada por alguns minutos, sozinha com meus pensamentos, em pleno silenciar! Li o livro até o final e despertei vários sonhos e livros adormecidos dentro de mim. Essa é a primeira carta que escrevo, de muitas outras que virão e encerro com a frase descrita no livro:

“... Não se fará nunca um menino entender que a noite fica bem no meio de uma história cativante... Que é preciso interromper a leitura e ir se deitar...”.

Obrigada Daniel por essa leitura e despertar. Obrigada Mestra Jaqueline pela indicação da leitura, frases, filme e tudo que vivemos nessa sala de aula que transcendeu o seu espaço.

Um abraço,


Sobre meninos e lobos.

Uma noite, um velho índio Cherokee contou ao seu neto sobre uma batalha que acontece dentro das pessoas.
Ele disse: - 'Meu filho, a batalha é entre dois 'lobos' dentro de todos nós.
Um é Mau: é a raiva, a inveja, o ciúme, a tristeza, o desgosto, a cobiça, a arrogância, a pena de si mesmo, a culpa, o ressentimento, a inferioridade, as mentiras, o orgulho falso, a superioridade e o ego.
O outro é Bom: é a Alegria, a Paz, a Esperança, a Serenidade, a Humildade, a Bondade, a Benevolência, a Empatia, a Generosidade, a Verdade, a Compaixão e a Fé.
O neto pensou naquilo por alguns minutos e perguntou ao seu Avô: 'Qual o lobo que vence'?
O velho índio Cherokee simplesmente respondeu: - 'O que você alimenta'.
(recebido de um aluno do DAD)

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

O Mar e a Mulher

"... E aí estava ele, o mar.

Aí estava o mar, a mais ininteligível das existências não-humanas.

E ali estava a mulher, de pé, o mais ininteligível dos seres vivos. Como o ser humano fizera um dia uma pergunta sobre si mesmo, tornara-se o mais ininteligível dos seres onde circulava sangue. Ela e o mar.

Só poderia haver um encontro de seus mistérios se um se entregasse ao outro: a entrega de dois mundos incognoscíveis feita com a confiança com que se entregariam duas compreensões...."
Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres - Clarice Lispector

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Só Rindo!

Isso também é texto, ora!
=)

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Brincriações (à Mia Couto)




A diferença entre um ás no volante ou um asno volante
é apenas de ordem fonética?

Toda superfície torna-se texto.




segunda-feira, 3 de dezembro de 2007


Casinha Pequenina

"Casinha Pequenina - canção pequena e singela - mas quanta grandeza em tua pequenez e quanto de belo em tua singeleza!"


"Casinha Pequenina, álbum de tantas recordações, de tantas lembranças, não de lembranças perdidas ou esquecidas, mas de lembranças vivas, vivas na mente, na alma e no coração de todos os apreciadores da boa música, quer a popular, quer a sertaneja, a música do nosso sertão, quantas vezes, talvez, inspirada na orquestração sinfônica da passarada da mata sob a batuta firme e segura do grande maestro- o sabiá-laranjeira! Casinha Pequenina berço de um grande amor, com o teu coqueiro ao lado, coitado, já morto pela dor cruenteda saudade! Casinha Pequenina, altar de tantos juramentos, feitos com tanto fervor, e palco de um beijo apaixonado e prolongado, daquele amor sincero e leal! Casinha Pequenina, pra mim, a sonoridade dos teus acordes e o sentimentalismo da tua letra! Pra ti, a minha saudade infinda!"

Essa crônica não possui verbo algum. Ela é de José Calçada, professor de Birigüi, já falecido. Foi enviada por sua ex-aluna, Judith, ao site Por trás das letras (www.portrasdasletras.com.br), coordenado pelo Professor de Português Hélio Consolaro, presidente da Academia Araçatubense de Letras.

Para todos vocês que me fazem feliz.

Vamos cantar? =)

domingo, 2 de dezembro de 2007

Front Page.

Pois é. Euzinho cercado de beldades por todos os lados.
E algumas nem apareceram na foto, que pena!
Êta vida difícil, sô! Definitivamente não posso reclamar de 2007.
Amém.
=)

sábado, 1 de dezembro de 2007

Atenção na linha nove.


Posted by Picasa
Escrever é imprimir no mundo a singularidade,
é tecer fios de palavras, frases e sentidos.
Cada palavra uma escolha de significados,
um sentido de si num dado momento.

Ler é dar sentidos, é criar significantes, é interagir com o outro (escritor).
Solitário ou não é um momento único e singular.
Ler mais de uma vez possibilita novos sentidos para as palavras e as coisas.

Aprendemos a ler e escrever, a decodificar o mundo e interagir com os outros (aquele diferente do eu).
E quando aprendemos só paramos no momento em que não significamos mais nada e somente os outros significarão o que fomos um dia.

“InterNETiqueta”

Tão importante quanto se comportar à mesa sem errar os talheres é ser bem educado ao navegar na super-rodovia da informação. Para isso, já existe a etiqueta da Internet. Você até pode achar que “pãos ou pães é questão de opiniães”, como ensinou o escritor Guimarães Rosa. Mas na rede planetária de computadores, com milhões de freqüentadores, não é bem isso. Há convenções (não “convençães”) para facilitar a comunicação. A seguir algumas dicas para quem não quer passar por... deselegante:

Não use frases com maiúsculas. É muito mais difícil ler letras maiúsculas do que minúsculas. Num cenário virtual em que as pessoas não se conhecem, escrever em maiúsculas equivale a falar gritando numa reunião de trabalho. Pura grosseria.

Modere a linguagem. Seus interlocutores são pessoas desconhecidas. Evite afirmações contundentes, do tipo “dono da verdade”. Cada um tem sua própria opinião que deve ser sempre respeitada. Não seja irônico, nem violento, muito menos arrogante. Quando escrever alguma coisa, coloque-se no lugar de quem está lendo sua mensagem do outro lado da linha.

Vá direto ao ponto.
Os newsgroups, os centros de discussão da Internet, são muito específicos. Portanto, não divague. Se estiver num newgroup sobre religião, não fale sobre rock. Não “enrole” em seus textos, defendendo teses mirabolantes e sem embasamento.

Cuidado com as respostas. Se alguém quer saber sua opinião sobre determinado assunto, evite as respostas pomposas e longas. Evite também as curtas demais. Tipo: se falam sobre a metafísica e a loucura em Nietzsche, jamais responda “é isso aí”. Se não tem nada para dizer fique quieto. Inclua no seu texto as questões que deram origem à discussão, ou um pequeno resumo, entre aspas. Serve para localizar os novos usuários.

Leia sempre o que escreveu. Não há nada mais desagradável do que receber um texto repleto de erros de ortografia ou concordância, escrito de maneira rápida. Dá a impressão de que o autor não estava muito interessado em tomar parte na discussão e despachou a primeira coisa que lhe veio à cabeça.

Não use linhas compridas. O padrão dos textos para internet é de cerca de 60 caracteres por linha. Programe seu computador para isso. Dessa forma, o destinatário consegue ler seu texto na tela cheia, sem ter de usar a barra de comandos para encontrar o final de uma frase.

Pra encerrar: em todas as relações respeitem o Princípio da Cooperação (Grice, 1967): Quantidade – Fale/escreva o que é relevante para a situação. Qualidade – Diga/escreva apenas o que pode ser compreendido. Relação –Seja relevante, diga/escreva apenas o que é importante. Modo – Seja claro, breve, ordenado, evite duplo sentido.

A revolta do "i"

Ihhhh!
Para quem viu, veja de novo.
Para quem não viu, vamos colocar o pingo no "i".
Dica da Maestra Ida.
=)

O nosso cérebro é doido!

De aorcdo com uma peqsiusa de uma uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as Lteras de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia Lteras etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma bçguana ttaol, que vcoê anida pdoe ler sem pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa Ltera isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo. Sohw de bloa!

Fios eletrônicos

Agora "tecemos" também em html. Uau!

Para ler em silêncio

Escrever é imprimir a experiência do espanto de estar no mundo. É estender as dúvidas, confessar os labirintos, povoar os desertos. E mais, escrever é dividir sobressaltos, explicitar descobertas e abrir-se ao mundo na ilusão de tocar a completude.
(Bartolomeu Campos de Queiroz)
Esse momento é muito especial para mim!

Chega mais perto e contempla as palavras
Cada uma tem mil faces secretas sobre a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta
pobre ou terrível que lhe deres
Trouxeste a chave?
Carlos Drummond de Andrade.