quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

A sóbria cor da linha poética.

Se não fosse teu sopro
jamais descobriria
na luz trêmula da vela
toda a fragilidade do fogo,
ó minha poesia!
Meu coração é uma lâmpada
que se apagou
mas ainda está quente...
Guardei secretamente os pedaços do amor,
que com a ausência perderam o centro.
Lembro-me deles quando os tinha
tecidos dentro de mim.
O colo onde dormi saciado.
Os seios onde sonhei acordado.
As histórias que me embalavam.
Muitos rios correram aqui.
Muitas pedras deixei no tempo,
cicatrizes muito fundas, mares.
Guardei secretamente os pedaços do amor.
As jóias, agora escondidas
em tênues paredes de vidro,
são tesouros revelados
tão presentes,
pequenos retalhos que teço
serenamente
com a memória,
até que a lembrança una
todos os prazeres a dois
para que neles se faça
uma manhã do depois.

Um comentário:

Tania disse...

Ô Luiz, quanto tempo! Andavas no mundo se esquecendo daqui? Pode não. Vc faz falta.