"Se nós somos invenção de nós mesmos, a língua é o instrumento fundamental dessa invenção. Eu sou, evidentemente, minha cara, minha perna, meu osso, mas isso só é de fato se se traduz
em linguagem. Em música, em pintura? Não basta: nessas linguagens sou quase eu mas ainda sou outro. Não é que basta expressar-me em palavras para que seja eu de fato mas, nas palavras, melhor me decifro e quase me entendo. Sem a língua portuguesa, minha fala, não me traduzo a ponto de me reconhecer. Sou mais próximo de mim e dos outros na língua que falo".
Ferreira Gullar
Publicado no suplemento especial d'O Globo, A Língua da União, em 21 de março de 2008.
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